terça-feira, 29 de março de 2011

À Curitiba


- Parabéns Curitiba! Minha querida, por vezes cinzenta e fina Curitiba... rsrs -



Curitibana da gema, aqui tem um esquema.
Não é Bahia, mas em dia de sol, tem alegria.
Não é Ipanema, mas faço poemas.
Não é Maranhão, mas pode ter canção.

Amanhã, sabadinho, tem Dominguinhos.
Zeca Baleiro repetiu que nossa cinérea
Capital é um dos lugares que ele
Mais estima em se apresentar.
Então, pra que se desesperar?
É, dá pra encarar, não tem Pelourinho
Mas, no Barigui tem o pedalinho.

Achava Curitiba chata, essa cidade me mata.
O verão é na quarta-feira, negócio bom é lareira
Chocolate com conhaque. Pode ser que eu mate
Essa cidade de tanto amá-la ou a estrangule por odiá-la.
A ela se ama e odeia, ela é sempre bonita e feia.

Nossa masmorra, nossa casa, nossa ilha, nosso exílio.
Vou eu, vai você, vai ele, vamos todos nós plantarmos milho.
Escreveu Rubem Braga: Ai, de ti Copacabana!
Trevisan a orientou: Ai, de ti Vila Curitibana!

À Curitiba
Débora Corn

sexta-feira, 25 de março de 2011

Ele tem a leveza do vento que passa




Só não consigo esquecer os grandes olhos azuis dele.
Nossas conversas enquanto ele empurra a bicicleta
São tão livres como o pombo que anda na praça.

Aqueles grandes olhos, em cor quase transparente, com tanto pra propor...
Ele está sempre atrasado com um sorriso que me faz desculpar quase tudo.
Uma troca de camisa pra me ver e eu me apaixono em cada pergunta.

Posso sentar no hall, na varanda com ele fica tudo perfeito.
Permaneço viajando nas canções que o violão dele haverá de tocar
E nas dedicatórias que aquele sorriso terá de compor no microfone.

Viajo com todos os aviões pelo céu...
Pensando nos cafés da manhã que tomaremos juntos
Navego do País das Maravilhas até Pasárgada
Imaginando o branco vestido, do dia da caminhada até o terno beijo

Eu pulo nos límpidos olhos do mais alto trampolim
Toda vez que minhas pálpebras se debruçam
E assim posso sonhar só com ele

A timidez dele me invade, me confunde...
Meu coração me assusta
Toda vez que o mar parece ser menor
E menos azul que aqueles grandes e cristalinos olhos.



Ele tem a leveza do vento que passa
Débora Corn

Meu príncipe




O ônibus novamente chega à estação
Chega ao fim.
E no rádio uma das músicas que eu mais aprecio
Engasgada, fora do eixo.

Semana passada seu amor me aparece
Me cai no colo como graças do céu
Do suspiro da manhã ao vento da tarde
Nos seus braços eu estava e queria mais e mais
Sentir seu calor na gelada escuridão
Ouvir as canções no seu quarto
E abrir a janela para nossa vida.

Meu príncipe! Meu príncipe!
É assim que todos dizem que ele é.
Meu príncipe com loucas histórias
Com olhos que encontro na multidão
Com presença contra todos os homens competitivos

No blues a gente delira, pensando no cinzento céu
Ele me faz rir com o refrão da canção
Não sei se ele é sonho ou delírio
Ele tem as mãos mais suaves
Os lábios em aflição
Os olhos que só fazem bem

Meu príncipe, eu não estou triste nem alegre
Só não sei o que prever
Será que tem algo para presumir?

Meu príncipe, meu príncipe, meu príncipe
Onde é seu reino?
Quando nos vemos em uma de nossas loucas crônicas?
Pra que eu possa rever seu sorriso todos os dias
Onde eu vou rir de todas suas melodias

Meu príncipe
Mande-me uma carta do seu castelo
Me ligue do seu mais moderno celular

Meu rei com olhar de príncipe
Medi meu rosto, meu vestido
Vem ficar comigo na terra que a gente inventar.


Meu príncipe
Débora Corn

Num papel de pão de açúcar




O que diz seu coração?
Você disse que a resposta
Demoraria, mas assim...

Ah, meu amor, me reservo
Das conversas, pra que os outros
Não percebam que todas minhas
Canções são pra você.

Ventania no estômago
Furacão nos olhos
Suspiros no jardim...

Escreva num papel de pão de açúcar
A sua resposta, seu último conto.

Quando enfim chegar
Só terei que passar
Em todas as igrejas de Salvador.

Ah, romântico dia!
Ele está demorando tanto, que tenho
Que rezar... Ler sobre milagres
Escrever sobre saudade.


Num papel de pão de açúcar
Débora Corn

quarta-feira, 2 de março de 2011

Conto na prosa uma poesia




Ilusões vão com o vento
No peito sempre um formigamento
Conto na prosa uma poesia
Te dou um beijo com harmonia

Arranjo o compositor coloca
Põe a mão sobre meu coração
Alaga meu dia, meu sertão
Aquelas palavras não mais... Sufoca

Encontro-te no mundo, numa tarde
E seus olhos podem ter a minha idade
Tanto chão pra caminhar

Tantos olhos para amar
E melancolicamente louvo seu meio amor
Eco musicado no meu corpo sem arranjador