quarta-feira, 30 de setembro de 2015

10

SETEMBRO

O ipê dançando num giro romântico
Caiu no asfalto
Não sentiu dor nem gritou
Amarelo repousou na rua
Na triste quarta de calor
Não era primavera visto que o ipê floresce no inverno
Ele aviva a garoa

Desabou num rodopio poético
E quem passava não aplaudiu
Tampouco olhou seu exagero de beleza
Luz na praça aclarava o balé
Mais um girou lentamente até pousar
O restante sacudiu suavemente
A espera do minuto exato


Débora Corn
Poema pág 10 de Pinturas para Claude
Editora Corpos

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Everything that kills me



Fica tudo entre a frieza e a simetria
Montanhas, ruas: bicicletas e lágrima
Entre Dublin e o Rio há apenas um passo
Um voo de asa-delta

Um amor de braços abertos atrás do Cristo Redentor
Que em seguida se arremessa da Pedra da Gávea
Penso entre melancolia e júbilo
Estou em meio ao azul e a altura

O sorriso do transeunte aquece meu olho cansado da maré noturna
As luzes no calçadão calam as estrelas
Um sentimento alheio enquanto os sambistas atravessam a via
Homens jogam vôlei, o mar avança


Débora Corn