segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Peter Brook

“A única coisa que pode ajudar-nos é o sentido do presente. Sentir que o momento presente está cercado de modo especialmente intenso e que as condições são favoráveis ao sphota, essse ‘ relâmpago’ que surge no momento do som certo, do gesto certo, do olhar certo, da troca certa.” (p. 63)
retirada do livro O diabo e o aborrecimento.


«A imaginação é um músculo».


«Para que alguma coisa relevante ocorra, é preciso criar um espaço vazio. O espaço vazio permite que surja um fenómeno novo, porque tudo que diz respeito a conteúdo, significado, expressão, linguagem e música só pode existir se a experiência for nova e original. Mas nenhuma experiência nova e original é possível se não houver um espaço puro, virgem, pronto para recebê-la».

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Bossa não faz mal a ninguém


Dias de sol curitibanos, eles me lembram o mar, o Rio, os dias azuis remetem a lugares de beleza, águas que molham os pés... E bossa nova combina tão bem com esses dias.

You're so good to me
and your love's the inspiration that I need
Writing songs for you
Is the way I find to thank you for this

Face the music
Dance to the music
now I hear the sound of music
and your kisses take it closer to perfection
You're beyond imagination
We're the dream team
you're so good to me

You're so good to me
and I hope to give you back the peace of mind
that you give to me
and it feels like Bossa Nova by Jobim

The solution to my dilemma
you're my girl from Ipanema
inspiration for my samba in slow motion
you're the top you're my devotion
my slow motion Bossa Nova dream


Slow Motion Bossa Nova
Celso Fonseca

sábado, 19 de novembro de 2011

Cafés de Sabadões


E a vida vai indo... (E a vida o que é meu irmão?)(Gonzaguinha).
É uma entrevista assistida que interessou os olhos, é um comentário sobre atores pela manhã, são as peças feitas, são as coisas escritas, são as coisas que acreditamos, são os momentos de glória, são as pessoas que amamos... São as palavras que às vezes são só olhares. É tanta coisa, e ainda tem gente que enche o saco com seus pequenos feitos, ah, vá! O que faremos? Ah, vamos rir bem alto e tirá-las de cena, na verdade, essas pessoas se anulam sozinhas. (Oh, le, lê, oh, la, lá).

E a vida!
E a vida o que é?
Diga lá, meu irmão

O Que É, O Que É?
Gonzaguinha

sábado, 12 de novembro de 2011

Isso não é poesia

Na verdade não sei nem o que escrever
Às vezes o coração borbulha demais
Respirar e correr e cantar... E manter o ritmo

Mas ainda consigo rir da fragilidade do todo

Meus olhos não vêem...
Eles querem olhar algo?
Decepção raiva quieta
Pulando azeda se contorce

Bobeando
Isso
Cresce
Gente

Não entendo tanta falta de tudo
Sensibilidade quem tem?

O peito inflama
Não derrama nada

Mesmo assim retoma uma
C-a-n-t-i-g-a
De manhã
Gosta de pequeninas fofuras

Não se perturba.
Dedos nas teclas
Escrever o que?
Isso serve pra algo?

A foto é tão azul
E as nuvens são tão cinzas

E são tantas pessoas que levam uma vidinha besta
Embrulhada para presente
São hienas que choram, falam e repetem coisas

Pobres criaturas
Dá pena
Oh
Oh
Oh
Ai da minha pessoinha!
Dizem caindo por aí...
Não sabem o valor de nada
Acelerem seu relato
Não tenho o dia todo
Tenho canções
Para
C-a-n-t-a-r

Le Le le
La La La
Xiqui xiqui
Balança
A folha
No pinheiro

La La La
Le Le Le
Xaqui xaqui
Balança
A folha
No limoeiro


Isso não é poesia
Débora Corn

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Poemar, pomar, amour, poema é tema?

Poemóvel, poemístico, poemar, poesol, poema. Poesando, poecantando, Poe. Vai viver um bocado de vida. O cansar das escolhas... Vai cantar um verso... Poecasa, poecarro, poeoquê? Vou entender nada, vou dar uma patinada e talvez ficar com preguiça, enguiça... Poefarol, poepiada, poefurada, poeira. Não queira fazer diferente. A gente tá indo tão certo. Poeamar! Poeviver! Poepular! Poecantar! Poesorrir! Poeencantar! As perguntas sem sentido vão cansando nossos olhos... Poecantorias, poebonitodia, poeandar... C'est la vie? C'est la vie! I don't know, Mon Dieu, muchacho, guri, pensante, poepensando toda hora... Vamos embora com o piano nas costas, poerecitando, poeindo, poeindo, poeindo...

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O que você vê em meus olhos?




Outra sexta sem cores no céu
Devagar as folhas dançam com o toque do vento.
Porque você não confia em mim, meu amor?
E muda meu dia, minha semana, meu mês
E minha vida até quando for bom...

Dançaremos com as folhas
Mesmo sem guaches azuis perto dos aviões
Cantaremos com os pássaros!
Felizes na chuva ou no sol!

Eu vou pra qualquer lugar
Só pra ter um beijo seu.
Vejo tantos enigmas em seus olhos...
E não sei em que acreditar
Que estrada eu devo percorrer...

O que você vê em meus olhos?
Se disfarço, digo tudo...
Beijo seus lábios, com todos os vocábulos.

Fugir eu quis.
Mas é só ver você na janela
Que saio correndo pela rua
E como numa comédia romântica
Passo brilho nos lábios
E subo as escadas vagarosamente

E como se fosse acaso
Me dou pra seu sorriso
Deixo que você me leve pra onde queira...

E nos dias que não há existência
Do seu encantado humor que me enfeitiça
Existe uma ardência aqui dentro.
Os olhos perdidos se mascaram de alegria
Nas noites sem seus elogios.

Paixão sem dialeto certo
Acredita em meus acertos
Seja meu se puder!
Se não puder, seja meu!


O que você vê em meus olhos?
Débora Corn

sábado, 20 de agosto de 2011

Walk Away number 6



Não pude acreditar em que o homem de óculos azuis quase pretos me disse dentro da Maria Fumaça ontem lá pelas oito atravessando o bairro central. O homem meu noivo contou-me que seu cavalo de pernas mais longas não estaria a minha disposição quando meus olhos não quisessem mais encarar as pessoas saídas do imaginário flutuante de sua intrigante cabeça.
Homens são uma esquisitice quando querem. Falam coisas.
Meu vestido vermelho, novo de coleção cara, amassado por causa dos bancos tortos da Maria Fumaça, furou bem na barrinha num prego da poltrona. Nem por isso aquilo que meu noivo me dissera me magoou menos. O que me incomodou não foi a circunstância, mas sim a maneira que ele me alertou sobre o cavalo. Sem nenhum cuidado com meu frágil jeito foi dizendo sem consideração nenhuma com meus olhos, que ele, meu noivo não estaria disposto a buscar o cavalo em minha casa na manhã seguinte. Com tanta reclamação sobre minha chácara ser deslocada, próxima ao retorno das Fileiras, me deu um ódio que queima devagar o corpo, um ódio que dói um pouco os olhos, por quererem chorar. Meu noivo sem tato e audição, foi dizendo tudo sem pensar, ele que não me venha contar as baboseiras sobre seu tio que fuma três cigarros pela manhã, dois após o almoço e antes das sete somente um. Essas bestas cantigas velhas.
Hoje acordei com peso nos olhos feridos. Tinha reuniões com os maridos das mulheres do crochê e cheguei à casa de Verônica com os pés doendo e já tinha atrasado duas horas e dez minutos.
Almocei com Verônica a comida que meu noivo mais gosta. Não liguei para ele, aquele bastardo idiota. Deixei Verônica e fui à aula de violão em casa de Carlos.
Meu noivo que tem uma bochecha lisa e vermelha não havia me ligado até quando cheguei à casa do Cascão para as combinações sobre o piquenique em Vila Nova.
O Bastardo me ligou após a vinda de Ana Luzia à minha chácara. Ao aparelho me falou besteiras em chinês, alemão e russo.
Não falei muito, a mágoa ainda na garganta e o bastardo repetindo coisas. Ele não quis contar as notícias de Sapetão o bairro vizinho, onde ele tinha passado à tarde. Meu noivo tem umas manias que me enlouquecem. Essa de não contar quando eu pergunto interessada sobre os bairros próximos é uma.
Ele saiu de Sapetão as três para as nove. Sei exatamente a hora porque o bastardo enviou-me uma mensagem.
As estradas para o Centro novo não são as melhores. Chovia muito quando meu noivo saiu. Ele dirige mal quando garoa, imagine quando chove forte. Meu noivo perdeu o controle do veículo na estrada dos Farofeiros e caiu na ribanceira quatro nove da virada leste. O bastardo morreu com os sapatos novos de veludo polido.


Walk Away number 6
Débora Corn

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Minha Namorada



Meu poeta eu hoje estou contente
Todo mundo de repente ficou lindo
Ficou lindo de morrer
Eu hoje estou me rindo
Nem eu mesma sei de que
Porque eu recebi
Uma cartinhazinha de você

Se você quer ser minha namorada
Ai que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que ninguém mais pode ter
Você tem que me fazer
Um juramento
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarinho
Essas histórias de você
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber porque

E se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida é nada
Sem a qual se quer morrer
Você tem que vir comigo
Em meu caminho
E talvez o meu caminho
Seja triste pra você
Os seus olhos tem que ser só dos meus olhos
E os seus braços o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem de ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois


Minha Namorada
Vinicius de Moraes / Carlos Lyra


segunda-feira, 25 de julho de 2011

El breve amor (Queria mais tempo para amar seus olhos)


(¿Por qué, después,
lo que queda de mí
es sólo un anegarse entre las cenizas
sin un adiós, sin nada más que el gesto
de liberar las manos ?)

El breve amor
(Julio Cortazar)




Talvez pensar nele seja somente
Um desejo perdido no espaço...
Às três da manhã um dos pedidos mais lindos!

El breve amor...

Queria mais tempo para amar seus olhos
Infinitas tardes para que os lábios se umedeçam de café
Horas a mais eu queria para encontrar beleza no cinéreo céu

El breve amor, El breve amor
Leva-me até o fim dessa rua com suas mãos claras de confiabilidade
Minutos a mais para ouvir canções, debruçada no seu ombro queria eu

El breve amor...
Desde que seus olhos entraram no meu dia
Os meus atentos olhares insistem em brilhar aquém
Nessas geladas noites cheias de estrelas sem seus versos

El breve amor, El breve amor
Todo tempo para brincarmos com as declarações amorosas
Dos nossos amigos, eu queria

Para ser seu sorriso na noite embalada
Com toda sua elegância de inverno
Com todo seu cheiro de verão

El breve amor, El breve amor
Caí delicadamente desde o primeiro beijo
Na pele macia que deita nas suas bochechas

Sua alegria, alegria sua...
Alegria minha, minha alegria nos teus olhos estão

El breve amor
El breve amor
Breve

Que esse amor seja hoje
Seja amanhã
Seja


El breve amor (Queria mais tempo para amar seus olhos)
Débora Corn

segunda-feira, 4 de julho de 2011

4 de Julho


4 de Julho não vá ainda, não vá tão depressa... Hoje até o sol veio cantar suas melodias mais quentes... Dia lindo, lindo dia! Aos amigos, a família só deixo beijos com carinho... Por toda essa poética poesia musical que são vocês...

terça-feira, 21 de junho de 2011

Passo no Paço


para o amado amigo Tuti


Passo no Paço amanhã pra te rever
Olhar de perto seu sorriso
Que me leva a passar no Paço

Passando pelas escadas, pelas salas,
Pelo café vou te encontrar
Com suco na taça somos finos
Como a cidade

Não passa sem percepção esse dia
A tarde passa e a gente no Paço
Em Passos de Liberdade as horas passam
Passam olhares por nós
Passam minutos ao som do piano
E a cheiro de café
Passo aqui só pra te notar

Tomamos café com cheirinho de boas coisinhas
A amizade é um guardanapo bordado
Uma taça transparente que não despedaça

Amizade é uma estória engraçada que se inventa
Olhando a borra de café na xícara
Passa por mim no Paço com cheirinho no pescoço
Garçom! Passa o café no coador e traz pra mesa com toda sua gentileza
Eu e meu amigo temos risadas para a tarde inteira

Passa a mão na gola da minha camiseta
Não passe raiva, passe um sorriso pra pessoa do lado
Assobia uma cantiga no Paço
Passa seu olhar pela sala
Passe na frente do Paço e elogie o canteiro
Colorido de branco e preto

Passo eu, passa você a calça
Passa ele pelo Paço
E amanhã faço uma poesia pra você
Vamos ficar aqui passando por esses segundos
No Paço que a amizade aumenta


Passo no Paço
Débora Corn

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Nós Curitibanos



Nesses dias de céus azuis extremamente belos com o sopro gelado nas ruas, fiquei pensando no charme que é ser curitibano. Com nossos cachecóis e balanços naturais de pernas que varia de curitibano para curitibano. Um conhaque com chocolate para acender os olhos na fria escuridão que chega às seis da tarde. Óh terrinha bonitinha essa nossa Curitiba. Curitibanos, o que somos? Somos os típicos mal-humorados? Não. Depende de qual curitibano você se refere. Curitibanos são raros e dão um sorriso com o coração quando realmente gostam de alguém. É claro, o fechadão também é um tipo de curitibano, mas fechadão existe em qualquer cidade e não falaremos disso agora. Comentaremos sobre o charme sim o charme novamente de ser curitibano. Um charme delicado como luva, elegante como um casaco até os joelhos, amável como cada pedacinho que nossos olhos viajam em Curitiba. As risadas nas esquinas, o passeio nas praças, o sol no parque, um passeio pelo lugar preferido, um café na tardinha, o pôr-do-sol visto lá do alto... A parada para escrever entre a correria, que todos falam, todos comentam e eu sei bem como é. Parada aqui também para ouvir os pássaros e falar de mim de você curitibano.


Ps. Ah, sim, não mencionei eu não sou apreciadora do inverno rigoroso. Meus amigos estão sem cabelo, para não usar aqui o clichê, carecas, de saber, mas estão. Mas, se o verão tem todas suas cores e suas pernocas a mostra. O inverno, eu devo admitir, têm, têm... Seus cobertores macios com cheirinho, com cheirinho também os abraços mais calorosos, têm os olhos brilhantes na noite gelada e negra.


Nós Curitibanos
Débora Corn

segunda-feira, 30 de maio de 2011

É proibido ler Machado de Assis


Estêvão ainda ficou algum tempo encostado à cerca, na esperança de que ela olhasse ou dirigisse os passos para aquele lado; ela porém, passou indiferente, como se nem da existência dele soubera. Estêvão retirou-se dali cabisbaixo e triste, batido de contrários sentimentos, cheio de uma tristeza e de uma alegria que mal se combinavam, e por cima de tudo isso o eco vago e surdo desta interrogação:

- Entro num drama ou saio de uma comédia?


Machado de Assis
A Mão e a Luva




Deveria ser proibido ler Machado de Assis.
Sim! Obrigação moral de todas as livrarias
Terem uma placa ostentando o aviso:
De Assis, Machado, Proibido! Stop!
Não se aproxime, dê a volta pela esquerda.
E nas bibliotecas uma sala de máxima
Proteção para o autor de Dom Casmurro.

Assim, decerto, despertaríamos!
Pois na escola nos obrigam a ler
Memórias Póstumas de Brás Cubas
Como se nas páginas estivessem
Impressas as mais chatas palavras.

Se a proibição fosse decretada
Desde nossa vida escolar
Nossos olhos não aguentariam
Viver com tanta curiosidade
E beberíamos as letras machadianas proibidamente
Enfurnados num moderno porão
De frases quase apagadas, mas ainda acesas
Por um toco de vela no castiçal



uma pequena homenagem ao grande mestre
É proibido ler Machado de Assis
Débora Corn

domingo, 22 de maio de 2011

Doutor quanto tempo eu ainda tenho de vida? - Alan- Ruivo- Existe


A penúltima peça que escrevi se chama: Doutor quanto tempo eu ainda tenho de vida? Breve em um teatro perto de você. No final do relato confira a sinopse. Mas não falarei tanto da peça hoje, mas sim falarei de um dos personagens, O Alan. Na verdade, também não é sobre o personagem em si. É sobre o que então? Você, leitor, poderia me perguntar, e eu respondo é sobre o personagem que eu inventei ruivo, sim ruivo, e que nessa semana, talvez na passada, tive os olhos estalados, por ver que o cara, a Persona Alan, existe. E eu nunca o tinha visto mais Alan. Quando eu escrevi a peça, lógico eu pintei na minha mente a cor da pele, o jeito de falar, andar, olhar... A presença desse personagem, a força, as cores que ele usaria o charme e a perfeição desse homem para a mulher que o ama. Pois então, estava eu numa aula qualquer, em um dia com a turma cheia e divertida, cheguei atrasada, cumprimentei todos os meus amigos e tinha um casal lá que eu não conhecia. Apresentaram-me ao casal, até aí tudo beleza, o que sucedeu minha gente brasileira e do mundo é que comecei a conversar com eles e de subido meus olhos pararam de piscar tão rápido por alguns minutos quando comecei a reparar que o cara era a encarnação viva, vivinha, do personagem que eu inventei. Tudo, tudo, tudo... O jeito de tomar suco, o estilo de se referir as pessoas, a gentileza com a mulher, a delicadeza não demasiada, tudo era o Alan escrito, nesse caso, escrito por mim e a mulher dele ainda completou o personagem dizendo o quanto ele era sincero e quanto ela o amava. (Não sei nem porque a mulher, que nem me conhecia me contou tudo isso, mas eu estava adorando e ouvindo atentamente tudo o que ela falava sobre o meu personagem vivo. (Pausa para uma risada aqui). E ela também como a minha personagem, Helen (que é loucamente tomada de uma paixão pelo Alan na peça) na vida real, a mulher do Alan de verdade, também é só coração para o Alan dela. Eu estava incrivelmente chocada por encontrar meu personagem andando vivo por aí, e o mais maluco, louco mesmo, vocês ainda não sabem... Quando o homem abriu a boca para dizer o nome dele... Eu quase me engasguei com a água que estava tocando minha língua e toda minha boca... Alan, ele disse, se apresentando. O nome do cara é Alan. Minha nossa, eu vou fazer outra pausa. Pronto! Vamos retomar, não é todo dia que se vê isso, não é em qualquer esquina que se assiste seu personagem saltar das páginas escritas, para uma aula qualquer no meio da semana. Ahhhh e que coisa mais interessante! E a mulher do cara? Vocês podem me perguntar, qual o nome dela? Helen? Não, aí seria um exagero do universo, colocar o meu personagem casado com a Helen (minha personagem). Nesse fato, eu teria que procurar uma câmera, porque aí ia ser uma pegadinha do malandro, do faustão, ou qualquer uma dessas pegadinhas todas.
Ah, e você ainda poderia perguntar: O Alan da realidade é ruivo? Pois é, meus queridos, ele não era, mas também quando você for ver a peça, você entenderá que ele poderia na realidade, em realidade, ser ruivo ou não. Na peça todos os personagens usam perucas é uma temática de encenação que eu arquitetei quando escrevi. Descubra tudo isso e muito mais em Doutor quanto tempo eu tenho de vida? Breve impresso e num teatro aí do seu ladinho.

Débora Corn


Sinopse:

Helen mais uma vez se encontra só. Abandonada por Alan, um homem perfeito... Será invenção ou verdade toda a docilidade desse homem? É nesse contexto que a ajuda do Doutor se faz necessária. Com um humor nonsense os personagens estão sempre digladiando com a emoção e a razão. No decorrer da história não sabemos mais quem é razão e quem é emoção. A peça possui pontos em comum com o teatro do absurdo, mas parte para outras estéticas, a peça também critica sutilmente o modo com que a sociedade quer que todos sejam normais. Normais com o mesmo rótulo grudado na cintura, sem opinião, sem sonhos.

Texto: Débora Corn

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A cidade que inventei com o mundo dentro



Inventei sorrisos, flores.
Uma cidade de copos, talheres, inventada.
Um melodrama, uma comédia
Tudo eu inventei.

Um abraço é só o que te peço.
Com o mundo dentro, um abraço!

Com amigos bem colocados
No tabuleiro, vou dançar com a noite.
Rascunhos seus pela vila
A reinventar vinhos, pratos...

Fotos no celular, na parede
Te reinventam no bar, na praça
E invento histórias como um gibi
Onde os amigos pensam ou riem.

Na noite que já se entregou ao dia
Os bufões querem cigarro!
Se arremessam e gritam: Um cigarro!
Eu no meu jogo de xadrez

Peço ao rei amigo
Que meus inventos deem lucro.
Minha imaginação não pede pouso
Latindo pra algo ela segue acordada.

Motos rodam na minha cabeça
Como um globo da morte, aquele de circo.
Não me preocupo com as motos
E sim com o globo

Que a qualquer momento
Pode se desprender do chão
E varrer a cidade de talheres, garfos
A cidade que inventei com o mundo dentro do seu abraço.


A cidade que inventei com o mundo dentro
Débora Corn

domingo, 15 de maio de 2011

Gustavo Adolfo Bécquer - Rima IV, No digáis que agotado su tesoro

No digáis que agotado su tesoro,
De asuntos falta, enmudeció la lira:
Podrá no haber poetas; pero siempre
Habrá poesía.

Mientras las ondas de la luz al beso
Palpiten encendidas;
Mientras el sol las desgarradas nubes
De fuego y oro vista;

Mientras el aire en su regazo lleve
Perfumes y armonías,
Mientras haya en el mundo primavera,
¡Habrá poesía!

Mientras la ciencia a descubrir no alcance
Las fuentes de la vida,
Y en el mar o en el cielo haya un abismo
Que al cálculo resista;

Mientras la humanidad siempre avanzando
No sepa a dó camina;
Mientras haya un misterio para el hombre,
¡Habrá poesía!

Mientras sintamos que se alegra el alma
Sin que los labios rían;
Mientras se llora sin que el llanto acuda
A nublar la pupila;

Mientras el corazón y la cabeza
Batallando prosigan;
Mientras haya esperanzas y recuerdos,
¡Habrá poesía!

Mientras haya unos ojos que reflejen
Los ojos que los miran;
Mientras responda el labio suspirando
Al labio que suspira;

Mientras sentirse puedan en un beso
Dos almas confundidas;
Mientras exista una mujer hermosa,
¡Habrá poesía!





Gustavo Adolfo Bécquer

sábado, 14 de maio de 2011

Francisco Hernándes

Fantasma

Amo las líneas nebulosas de tu cara,
tu voz que no recuerdo,
tu racimo de aromas olvidados.
Amo tus pasos que a nadie te conducen
y el sótano que pueblas con mi ausencia.
Amo entrañablemente tu carne de fantasma.



Francisco Hernándes

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Dead Poets Society




Mr. Keating: In my class, you will learn to think for yourselves again. You will learn to savor words and languages. No matter what anybody tells you, words and ideas can change the world. I see that look in Mr Pitts' eyes like 19th century literature has nothing to do with going to business school or medical school, right? Maybe. You may agree and think yes, we should study our Mr. Pritcher and learn our rhyme and meter and go quietly about the business of achieving other ambitions. Well, I have a secret for you. Huddle Up...Huddle UP! We don't read and write poetry because it's cute. We read and write poetry because we are members of the human race. And the human race is filled with passion. Medicine, law, business these are all noble pursuits necessary to sustain life. But poetry, beauty, romance, and love; these are what we stay alive for. To quote from Whitman "Oh me, Oh life of the question of these recurring. of the endless trains of the faithless of cities filled with the foolish. What good amid these? Oh me, Oh life." "Answer...that you are here and life exists....You are here. Life exists, and identity. The powerful play goes on and you may contribute a verse." The powerful play goes on and you may contribute a verse. What will your verse be?

Dead Poets Society
written by Tom Schulman

segunda-feira, 2 de maio de 2011

venha navegar com o teatro ou avise seu vizinho



venha navegar com o teatro ou avise seu vizinho

Já começouuu!

Novas Turmas de teatro no Sesc Portão, na segunda das 18h às 21h, na quarta das 15h às 18h e no sábado das 14h às 17h. Professora e Diretora: Débora Corn.
Teatro não é terapia, mas sim pode mudar a vida social das pessoas e motivar os talentos de cada um.

Venha vc também navegar com a gente!

fotos das aulas no Sesc Esquina
http://www.facebook.com/media/set/fbx/?set=a.127298247345415.29649.100001957213345

Pelo amor de alguma coisa não há resposta para todas as infelizes perguntas




Mais uma vez um soluço
Pergunta pra noite: Porque isso aconteceu?
Não quero cuspir a saliva seca.
Com o cigarro pendurado nos lábios
Não queria que a primeira poesia pra você fosse assim

Uma respiração funda
E eu não queria...
Queria que ela fosse leve como pluma
Bonita como um dia no passado
Colorida como as flores

Não gosto de chorar por nada
E não gosto de sentimentalizar as tristezas
Eu aspirava pra você uma primeira poesia
Cheia de encanto e intensos pedacinhos de felicidade

Vá repensar o que quiser
Ultimamente tenho refletido com o rádio ligado
Porque as pessoas refletem tanto?
Que confusões absurdas essas criaturas humanas tanto têm?

Relações falidas são o mal da semana, do mês, do dia de ontem
Faça um bolo, colha uma rosa meu amigo, hoje o dia não foi legal
Ouça bem a canção do vizinho, o vento está vindo do norte
Mas uma vez soluçando quero saber, por que isso vai indo, vai caminhando

E meu sexto sentido anda enguiçado, não tá trabalhando
Certamente parou de responder, como os santos para quem rezamos
Anote qualquer coisa, qualquer coisa que seja sobre relacionamento
E eu novamente quero entender: Minha gente, querida gente, porque tanta crise?
Pelo amor de alguma coisa, por gentileza me informem, me mandem uma carta,
Um telegrama, uma mensagem divina, qualquer coisa serve
Só parem de tricotar confusões heróicas perto da minha cabeça

Tudo gira esquisitamente e a música enche o espaço
Tenho alucinações baratas com pedras preciosas no pescoço
Vou exorcizar mais um verso pra você baby
Respeito coisas que nem eu compreendo
Sou do bem, com olhos atentos bem abertos para o amanhã

A vida corre, escorre... E não é tempo de esperar respostas
Pergunte o que quiser, mas não espere por respostas – Ah – respostas
Vou rir um pouco na outra sala depois te falo
- As respostas – meus caros, bem, as respostas? Deixa pra terça-feira ou sexta
Talvez eu respire fundo não chore mais
Não pense em mais nada, não me magoe com simples adjetivos
Eu que pensava nos verbos mais carismáticos

Nada acabou ainda
Mas essa gente confusa me empobrece os dias
Enche-me os minutos com assuntos antigos
Tudo que passou os meus caros deveriam deixar lá
Lá onde? No passado, por gentileza, por amor de qualquer coisa
Deixe lá onde deveria estar

Eu acho uma bobagem essas coisas
Vamos retomar o papo sobre confusões
Ah sim, as tais confusões... Fiquei confuso!
Confundido. Mas há tanta coisa confusa no planeta
Pelo menos seja você menos confundido por tudo
Pelo amor de alguma coisa não há resposta para todas as infelizes perguntas

O trem não vai ficar te esperando na estação
Nem minha vida para sequer um segundo
Pra te responder algo confuso da confusão confusa
Eu canso, estou cansada, meus caros vá tomar uma água benta
E lave o cabelo com a mesma... Estou cansada, caros!

Onde está a leveza dos dias leves?
Pelo amor de nenhuma coisa, onde está?
Pois é, as respostas, quase nada têm resposta.


Pelo amor de alguma coisa não há resposta para todas as infelizes perguntas
Débora Corn

domingo, 1 de maio de 2011

Prepare seus grandes e magníficos olhos




Sonhei com seus enormes olhos
Com um beijo que responde tudo
Sonha poeta, delira poeta!

Nossa história é mais louca
Que qualquer loucura
Você é doce, você é áspero
Eu sou áspera, eu sou doce

Eu estou
Você está
Eu corro você corre
Vivemos
Andamos de bicicleta
Rimos quando nos vemos
Eu não entendo mais nada
Uma lengalenga de séculos
Meses – séculos – meses
Tudo em mim
Vai
Tudo em você
Vem
Timidamente
Tudo
Vem em você
Vai de mim
O todo
E vem de seus enormes olhos
Lindos
O todo
O que é o todo afinal?
O que é tudo?
Ás vezes, penso que cabe tudo nesse seu
Enorme olhar
Outras
Acho que nada faz sentido

Leveza
Quero ser leve
E te levar
Sempre
Todos os dias
Sem grilos
Sem nada pra nos encher
Vamos descer essa rua com nossas bicicletas?
Prepare seus grandes e magníficos olhos
Pra ver-me com as paisagens mais coloridas


Prepare seus grandes e magníficos olhos
Débora Corn

segunda-feira, 25 de abril de 2011

2 minutos com Edgar Allan Poe, salve Edgar salve sempre!


Edgar Allan Poe tua mão na pia
Lava com sabão tua solidão
Tão infinita quanto o dia

Maldição
Zeca Baleiro


Defino a poesia das palavras como Criação rítmica da Beleza. O seu único juiz é o Gosto.

Edgar Allan Poe



Quem sonha de dia tem consciência de muitas coisas que escapam a quem sonha só de noite.

Edgar Allan Poe


É de se apostar que toda idéia pública, toda convenção aceita seja uma tolice, pois se tornou conveniente à maioria.

Edgar Allan Poe



Convencido eu mesmo, não procuro convencer os demais.

Edgar Allan Poe


Edgar Allan Poe (Boston, 19 de janeiro de 1809 – Baltimore, 7 de outubro de 1849) foi um escritor, poeta, romancista, crítico literário e editor estado-unidense.

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http://www.facebook.com/#!/pages/Edgar-Alan-Poe/110182369003186

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Quero sabe quem foi?



Desfilo na minha avenida
Ninguém tem nada com minha vida.
Quem sugeriu que homem não chora?
O poeta, cheio de lágrimas, me devora.
Sou do frevo, sou do bumba-meu-boi.
Tô aqui e quero sabe quem foi?

O fato é que nunca estamos risonhos com o que temos
O amor que nos escolhe nunca é o que elegemos

Sua credencial está vencida
Não tenho nada com sua vida.
Seu terno não é de marca?
Seu colar, seu relógio não são de ouro?
Já tem gente na minha barraca.
Cada um faz o que quiser com seu próprio choro


Quero sabe quem foi?
Débora Corn

terça-feira, 12 de abril de 2011

Reparar na grama




Amor
Como vou reparar na grama?
Na verde grama que você cortou
Se as estrelas não deixam
Espaço em meu olhar.
Dias bons, dias sem fim
Noites encobertas
Sem lugar nos olhos
Como posso perceber a grama?

Reparar no sol, um sorriso branco
Como? Se dentes amarelos tristes
Insistem em aparecer.
Andar por aí, ligar pra ninguém
O sol amarelo como vê-lo?
Sol que faz suar a pele
E queima mais meu coração
Hoje não posso fazer nada


Reparar na grama
Débora Corn

domingo, 3 de abril de 2011

Como separar o mar da areia - Festival de teatro de Curitiba


Quando se pensa num festival como é o festival de teatro de Curitiba, a gente logo pensa o que vou ver? Como escolher? Como não entrar em uma furada? Como separar o mar da areia... Mas nesse festival o que eu menos tenho pensado é sobre isso. A arte dos encontros em meio a tantos desencontros tem me feito perceber que o que temos ainda de melhor na arte, a troca, tem acontecido, pelo menos comigo e com as pessoas que tenho conhecido. Pessoas focadas na pesquisa teatral, na preocupação com a qualidade, na intenção de aprender com os melhores. Trocar influências com gente de todo canto e assim enriquecer seu trabalho, trocar devaneios nas portas dos teatros na saída, na entrada, na rua, na coxia... Ouvir coisas que você não esperava, conversar por três horas sem sentir os minutos passarem... Se algo faz sentido nesses festivais, esses encontros são o que me movem.
E nesse movimento de encontros ontem assisti: “Homem piano- uma instalação para a memória”, com atuação de Luiz Bertazzo, dramaturgia e direção de Sueli Araujo. Uma das peças que mais me emocionaram na vida (se é que isso é algo pra se levar em conta), a peça é uma poesia para olhos atentos, ela "Eu... Ele... Nós" te convidam a uma entrega, uma partilha de você mesmo e de suas memórias. Na entrada nossos olhos são ganhos por um visual de bloquinhos de papel pendurados na parede com um lápis cada um. Ali anotamos algo que precisamos deslembrar. Depois todos depositam os papéis em um liquidificador, que em seguida é ligado e assim todas essas anotações a serem esquecidas são estilhaçadas. Fragmentando os pequenos papéis, a peça começa já mexendo conosco... E continua movimentando... Continua... Realizei também que ainda há platéia com os olhos prontos pra se encher de água, ainda há muitas peças que nos levam a sonhar, pensar e mudar pelo menos alguma coisinha (que seja) em nós mesmos.

terça-feira, 29 de março de 2011

À Curitiba


- Parabéns Curitiba! Minha querida, por vezes cinzenta e fina Curitiba... rsrs -



Curitibana da gema, aqui tem um esquema.
Não é Bahia, mas em dia de sol, tem alegria.
Não é Ipanema, mas faço poemas.
Não é Maranhão, mas pode ter canção.

Amanhã, sabadinho, tem Dominguinhos.
Zeca Baleiro repetiu que nossa cinérea
Capital é um dos lugares que ele
Mais estima em se apresentar.
Então, pra que se desesperar?
É, dá pra encarar, não tem Pelourinho
Mas, no Barigui tem o pedalinho.

Achava Curitiba chata, essa cidade me mata.
O verão é na quarta-feira, negócio bom é lareira
Chocolate com conhaque. Pode ser que eu mate
Essa cidade de tanto amá-la ou a estrangule por odiá-la.
A ela se ama e odeia, ela é sempre bonita e feia.

Nossa masmorra, nossa casa, nossa ilha, nosso exílio.
Vou eu, vai você, vai ele, vamos todos nós plantarmos milho.
Escreveu Rubem Braga: Ai, de ti Copacabana!
Trevisan a orientou: Ai, de ti Vila Curitibana!

À Curitiba
Débora Corn

sexta-feira, 25 de março de 2011

Ele tem a leveza do vento que passa




Só não consigo esquecer os grandes olhos azuis dele.
Nossas conversas enquanto ele empurra a bicicleta
São tão livres como o pombo que anda na praça.

Aqueles grandes olhos, em cor quase transparente, com tanto pra propor...
Ele está sempre atrasado com um sorriso que me faz desculpar quase tudo.
Uma troca de camisa pra me ver e eu me apaixono em cada pergunta.

Posso sentar no hall, na varanda com ele fica tudo perfeito.
Permaneço viajando nas canções que o violão dele haverá de tocar
E nas dedicatórias que aquele sorriso terá de compor no microfone.

Viajo com todos os aviões pelo céu...
Pensando nos cafés da manhã que tomaremos juntos
Navego do País das Maravilhas até Pasárgada
Imaginando o branco vestido, do dia da caminhada até o terno beijo

Eu pulo nos límpidos olhos do mais alto trampolim
Toda vez que minhas pálpebras se debruçam
E assim posso sonhar só com ele

A timidez dele me invade, me confunde...
Meu coração me assusta
Toda vez que o mar parece ser menor
E menos azul que aqueles grandes e cristalinos olhos.



Ele tem a leveza do vento que passa
Débora Corn

Meu príncipe




O ônibus novamente chega à estação
Chega ao fim.
E no rádio uma das músicas que eu mais aprecio
Engasgada, fora do eixo.

Semana passada seu amor me aparece
Me cai no colo como graças do céu
Do suspiro da manhã ao vento da tarde
Nos seus braços eu estava e queria mais e mais
Sentir seu calor na gelada escuridão
Ouvir as canções no seu quarto
E abrir a janela para nossa vida.

Meu príncipe! Meu príncipe!
É assim que todos dizem que ele é.
Meu príncipe com loucas histórias
Com olhos que encontro na multidão
Com presença contra todos os homens competitivos

No blues a gente delira, pensando no cinzento céu
Ele me faz rir com o refrão da canção
Não sei se ele é sonho ou delírio
Ele tem as mãos mais suaves
Os lábios em aflição
Os olhos que só fazem bem

Meu príncipe, eu não estou triste nem alegre
Só não sei o que prever
Será que tem algo para presumir?

Meu príncipe, meu príncipe, meu príncipe
Onde é seu reino?
Quando nos vemos em uma de nossas loucas crônicas?
Pra que eu possa rever seu sorriso todos os dias
Onde eu vou rir de todas suas melodias

Meu príncipe
Mande-me uma carta do seu castelo
Me ligue do seu mais moderno celular

Meu rei com olhar de príncipe
Medi meu rosto, meu vestido
Vem ficar comigo na terra que a gente inventar.


Meu príncipe
Débora Corn

Num papel de pão de açúcar




O que diz seu coração?
Você disse que a resposta
Demoraria, mas assim...

Ah, meu amor, me reservo
Das conversas, pra que os outros
Não percebam que todas minhas
Canções são pra você.

Ventania no estômago
Furacão nos olhos
Suspiros no jardim...

Escreva num papel de pão de açúcar
A sua resposta, seu último conto.

Quando enfim chegar
Só terei que passar
Em todas as igrejas de Salvador.

Ah, romântico dia!
Ele está demorando tanto, que tenho
Que rezar... Ler sobre milagres
Escrever sobre saudade.


Num papel de pão de açúcar
Débora Corn

quarta-feira, 2 de março de 2011

Conto na prosa uma poesia




Ilusões vão com o vento
No peito sempre um formigamento
Conto na prosa uma poesia
Te dou um beijo com harmonia

Arranjo o compositor coloca
Põe a mão sobre meu coração
Alaga meu dia, meu sertão
Aquelas palavras não mais... Sufoca

Encontro-te no mundo, numa tarde
E seus olhos podem ter a minha idade
Tanto chão pra caminhar

Tantos olhos para amar
E melancolicamente louvo seu meio amor
Eco musicado no meu corpo sem arranjador

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Atira




Atira esse olhar em mim
Tira minha paz
Porto seguro
Nem tão seguro
Escuro aparente
Dark blue
Light blue
Aparente clarão
Seguro esse grito!
Tua mão tão segura.
Sentido meio-amargo
Meio-doce sentimento.
Aperta o gatilho!
Dispara meu coração.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Dando sopa por aí




Se eu te pego dando
Sopa por aí meu nego
Levo meu prato
Peço uma colher de chá

Que doçura que é você
Me deixa sem saída
Não é queixa nego, não é.
Todo mundo quer tomar do seu suco
Mas a sopa é pra mim
E quem tem colher sou eu

Que olhar é o seu?
Sem saída eu fico
Eu acho bom nego, é verdade.
Todas elas pensam em você
Mas é meu prato que ta... Cheio da sua sopa
E a dose da sua colher de chá eu já tomei

Dando sopa por aí
Débora Corn

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Somente com a música




Som do piano...
Outra espera.
Quero saber tudo
Sobre seus passos
Passo já tão distante
Seu rosto se desenha na melodia
Notas do seu sorriso
Durmo pra este instante
E vou acordar só depois
Do seu amável adeus
Com sua voz me denotando
A clareza da sua volta
Que não sei quando
Sabe-se lá onde.
Acordo com os acordes
Eruditos do piano
E retorno para esse dia
Para essa cidade
Hoje tão minha
Amanhã talvez.
A espera recomeça
A cada velho instante
Mas, não me incomoda mais
Leva-me como me embalou
A sonoridade a tarde toda.
O piano para e recomeça
Não quero escutar as vozes
Com seus assuntos cotidianos
Quero ficar somente com a música.


Somente com a música
Débora Corn


Música música música
Curitiba é assim em Janeiro... Um privilégio é assistir concertos no Paço do Sesc, dentre outras maravilhas...

29a Oficina de Música de Ctba, confira... Eu recomendo! Ofereço a poesia p/ todos os músicos e apreciadores.