segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Um Grego chamado: EURÍPEDES

Um Grego chamado: EURÍPEDES
480 a.c -- 406a.c


Eurípedes nunca ficou indiferente aos acontecimentos de seu tempo, a primeira metade do século V, foi marcada pelas ideias novas, que invadiu a Ática e abalou os nervos de Hélade, foi marcada pela atividade intelectual dos Sofistas, abrindo caminho para o CETICISMO.
Retóricos estes filósofos, dentre eles o grande Sócrates, aproveitaram da crise do pensamento grego, criado exatamente pelas especulações filosóficas e as crises sociais, e fizeram com que os jovens atenienses tivessem a defesa tanto do pró como do contra de todas as coisas, opondo a razão à própria razão. Tudo se submetia à razão individual as crenças tradicionais, a religião, a moral...
Com isso, Eurípedes modernizou lendas, conservando nomes, mas criando com liberdade, para que seu público não acreditasse em lendas mitológicas que ele próprio não comungava.
Como o século V, foi iluminado pelo ceticismo, como Eurípedes tratava os deuses?
Muitas vezes o retratam como ateu, mas ele jamais investiu contra o sentimento religioso. O poeta de Alceste, apenas coloca os deuses em encontro com sua consciência moral e muitas vezes são apresentados em situações e posturas mesquinhas: ciumentos, vaidosos, vingativos, injustos.
Em Hipólito, observamos o ciúme de Afrodite (Vênus). Que com sentimento de vingança amaldiçoa Fedra, mulher de Teseu, pai de Hipólito, para que ela se apaixone loucamente por Hipólito, matando assim os dois, Hipólito e Fedra.
È o que vemos nesse Trecho de Hipólito:


Vênus: O filho de Teseu, germe Amazônico,
Pelo casto Pitéu criado, Hipólito,
Só ele entre os mancebos da Trezênia,
Diz ser eu uma deusa abominável:
Rejeita núpcias, delas se aterroriza,
HONRA A DIANA, irmã de Febo, e filha
De Jove: esta sua grande divindade;
Na sua companhia pelos bosques
Ligeiras feras de contínuo acossam,
E aspira a mais do que a um mortal é dado.
Mas isso não o invejo, nem me importa;
Mas do que em que me ofendeu, HEI DE VINGAR-ME
Do homem neste dia: do trabalho,
Tendo-o já adiantado, pouco resta.
Porque há tempo indo Hipólito, da casa
De Pitéu,visitar a Ática terra,
E ver e assistir aos venerandos
Mistérios; O VIU FEDRA, nobre esposa
De seu pai e então por arte minha
Um FURIOSO AMOR CONCEBEU N’ALMA.
...
Co’a morte dos Palântidas, fugindo
Do sangue derramado à triste mancha,
Teseu com a consorte aqui a porta,
Para cumprir seu anual desterro
Assim a miseranda suspirando,
E das setas de amor atravessada
MORRE EM SILÊNCIO; o mal ninguém lho sabe,
Mas este amor não me convém que afrouxe:
Mostrá-lo-ei a Teseu, será sabido.
Ao meu duro adversário autor da morte
Será seu pai mesmo; pôs que Netuno
Anuiu Teseu, por dom, três vezes
Todo o voto outorgar que lhe fizesse
Sim é ilustre Fedra ; porém morre:
Pois o seu mal a mim mais me importa,
Que de sorte PUNIR MEUS INIMIGOS,
Que um ponto não ofusque a minha glória.





Já em ALCESTE, vemos que Eurípedes retrata, Apolo, como bom.
Tendo ele errado ao IRRITAR-SE COM CÍCLOPES E MATADO O MESMO, por consequência ele é submetido a trabalhar como servo na casa de Admeto.
Extremamente REALISTA Eurípedes traz a tragédia para as ruas de Atenas é o que vemos neste trecho de Alceste.


Apolo: Ó palácio de Admeto, onde me vi coagido a trabalhar como servo humilde, sendo embora um deus, como sou! Júpiter assim quis porque tendo fulminado pelo raio meu filho Esculápio, eu, JUSTAMENTE IRRITADO, MATEI CÍCLOPES, artífices do fogo celeste. E meu pai para me punir, impôs-me a obrigação de servir a um homem, A UM SIMPLES MORTAL! Eis porque vim ter a este país; aqui apascentei os rebanhos de meu patrão e me fiz protetor deste solar até hoje. SENDO EU PRÓPRIO BONDOSO e servindo a um homem bondoso, filho de Feres, eu o LIVREI DA MORTE, iludindo as Parcas.

Concluímos, que o poeta de Hipólito, de Alceste e de tantas outras maravilhas peças, NUNCA se ERGUEU contra a religião, num tempo de pensamentos Céticos.

“mas contra os deuses tão mal apresentados pela mitologia e, sobretudo contra as fábulas imorais acerca desses mesmos deuses”.

Está ele, amparado pela razão...

Ele que teve a coragem de em pleno século V, enfrentar os Aristófanes (da vida), um público frenético e ousar inovar o que já era consagrado por Sófocles e Ésquilo.
A tragédia se inovou. Incompreendido no seu tempo, ele escreve para o futuro.
Ele é entre os trágicos gregos, o maior reflexo de sua época, o gigantesco século V, o século de Péricles.
Grande trágico foi Eurípedes, autor de Medeia, Orestes, As Bacantes, Alceste, Hipólito, Electra, entre tantas outras peças.
Ele comungava das ideias sofistas de grandes filósofos como Sócrates que buscavam bases filosóficas para o mundo e, COM ISSO, AMEAÇAVAM A SUPREMACIA DA MITOLOGIA OLIMPICA E POR CONSEQUÊNCIA O PODER ARITOCRÁTICO. Por isso foi rejeitado por parte do público.
Eurípedes humanizou seus personagens, retratou as paixões de maneira intensa...
Filósofo do palco, feminista de sua época, trabalha o drama psicológico.

Numa breve análise das peças Hipólito e Alceste. Observei o século V, sendo dominado pela sofistica, onde A VERDADE ESTÁ COM QUEM A DEFENDE MELHOR.

Nenhum comentário:

Postar um comentário