segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Dia do poeta com Fernando Pessoa

Hoje é dia do poeta; creio que minha função mais imensa; penso que preciso ser todas as outras coisas para sê-lo. E se consigo? Não sei. Homenageio meu maior mestre Fernando Pessoa, quem tomo a liberdade de chamar somente Fernando por sentar comigo na minha cadeira favorita em dias de sol e de chuva igualmente.
Lá fora uma imensidão de rosas; a cor no céu: É poesia, muita! Olha como o pássaro preso na gaiola foi posto na janela e canta ainda assim, é poema amarelo de canarinho.
A poesia de Fernando me abordou como uma enxurrada e um rio calmo de mesmo modo. Falar disso é discorrer sobre inúmeras coisas, tudo verdadeiramente imenso na imensidão de ser imenso.
O Mar. Conheci tanto sobre o mar com Fernando: a profundidade da alma portuguesa sua pele cheia de bela melancolia, desassossego, fado.
Tanto já se espiculou sobre ele e os poetas que ele criou, entretanto a andar por Lisboa tudo me pareceu mais simples, mais calmo e profundo. Da minha janela portuguesa a paz que eu merecia.
A subir para o Bairro-Alto o encontro (inusitado) com sua estátua. Já havia tirado fotos Portugal a fora com tudo que fazia referência a ele, ah mas, ali foi como encontrar o Mestre de verdade, até disse algumas palavras em seu ouvido, que terminaram em Obrigada. Com olhos venturosos tive que sair do lado dele, pois havia uma família de turistas húngaros que queriam também tirar suas fotos.
Das pessoas que ele inventou Caeiro é... Não achei palavras e talvez nunca as encontre; sinto cada verso. O Guardador de Rebanhos foi o primeiro livro de Fernando que li e continuo a reler como um mantra, cada vez a alma experimenta diferente. Caeiro me faz perceber distinta a existência. Põe de cabeça para baixo meus conceitos, e até medos.
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre, E que o poente é belo e é bela a noite que fica... Assim é e assim seja ...
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXI"
Poderia falar de Ode Marítima, Poemas Dramáticos, Mar Português, Livro do Desassossego, Tabacaria, Poema em Linha Reta, Ricardo Reis, (e tanto mais). Sua obra é vento no meu coração, é amor, alma, melancolia, descoberta, é mar imenso mar.
Débora Corn

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