quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Para ela

– Tira ele do bosque, vai que uma cobra o pica. Disse a mulher para a amiga com um minúsculo cachorro e sorriu amplamente para ela que saía da biblioteca. Ela saiu da casa cheia de livros e realizou que o dia ainda estava radiante com nuvens rosa cor. – Ela adora essas nuvenzinhas. O vestido dela arregalou os olhos dos cidadãos o dia todo; tinha até gente espiando pelas esquinas e atrás dos balcões. Ela viu no espelho do banheiro da biblioteca que realmente estava bela, percebeu também que a vestimenta estava mais molhada do que pensara ela antes. Úmido de chuva. Não chovia há semanas; pensava ela que morava no Peru, por ocasião de um amigo peruano ter lhe contado que no Peru não derrama água. À tarde depois de visitar a Itália em pensamento, nuvens cinza escuro reinam na cidade, pingo a pingo a chuva engrossa, ela caminha pela Roma imaginária sendo lavada, uma felicidade! Vinhos romãs. Ela passa por um casal parado na marquise, sorri num convite para serem regados. Ela saiu de casa cantando uma música que Bethânia canta. Encontrou Seu Antônio na esquina que sorriu e falou coisas boas. O trem saiu na hora marcada; as flores do verão pela janela são líricas que balançam. Borboletas na saia da vitrine, a música que lembra Ouro Preto tocando na loja. O corpo balanceia. Apitos de qualquer pássaro na vendinha. Toda minha casa de campo na vendinha. – Ai amor, toda nossa casa na vendinha. E da varanda vê-se a chuva que volta toda tardinha pra nos banhar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário