sábado, 15 de março de 2014

Residencial sem café e janta não se compra na cidade

Que odisseias eu tenho por cima passado; quem inventou a burocracia por certo jamais foi amado. O beijaria agora. O correio em greve, o sedex que custa cinquenta pila pra mandar uma folha e não é o primeiro documento a se enviar, declaração: – Eu declaro, eu ofício. Mude o dia. Por ocasião disso, daquilo. Prezado, senhor, reverendíssimo, caro; caro é quanto custa e não estou nem contabilizando meu tempo. Ele é esquisito e o beijaria nesse instante, lhe falta beleza, no entanto é análogo a um dos homens mais lindos e cativantes que já passei horas ao lado. Como pode? Não sei. Os mesmos olhos, nariz, pescoço, o conjunto. Pela manhã o sol pronunciou: – Olá como vai? Agora a chuva escorre na calçada. Como não podia deixar de ser assim: Hoje também pensei nele, duas vezes e nem são seis horas. Ainda no meio da burocracia criada pelo mal-amado, – imaginei. Não falo do esdrúxulo que é idêntico ao Deus grego, nem da paixão do passado de olhos verdes e cabelo comprido que encontrei na esquina. Reporto a meu amorzinho que me ama (meu amorzinho que eu amo). – Ai, como eu sofro! Uns sofrem por amor, vulneráveis, choram na janela fumando seu cigarro, eu padeço com a burocracia. Débora Corn

Nenhum comentário:

Postar um comentário