quinta-feira, 3 de junho de 2010

Me rendo







Não aguento mais
Com a pena na mão
Me rendo
À sua poesia de brincante
Ao dia de verão
À sua cor morenada

Me rendo
Às flores deixadas no portão
Aos brancos pombos da tua paz

Rendo-me
Ao seu fino terno de linho
Ao seu doce caldo de vida

Me rendo
Agora
Amanhã
E depois
À sua frutífera laranjeira
À sua visita passageira
A seu tchau com certeza de volta
A seu beijo possível

Rendo-me
À lua do dia
Ao sol da noite
Às estrelas vespertinas
Aos cometas do ano que vem
Aos fogos de Copacabana.

Renda-se amado
À renda do meu vestido
À renda per capita do país
Ao rendado de dias
À sua rendeira de sonhos.

Ah, eu me rendo
Ao seu aguaceiro de ciúme
Ao seu aguado de palavras
À água-de-colônia do seu pescoço.


Me rendo
Débora Corn

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