terça-feira, 22 de abril de 2014

Ainda não havia Caetano para mim

Posso ainda ouvir o sacudir das árvores, o vento forte. O nome dele ficou na minha boca e escrito na areia por vários verões. Meu primeiro amor;
– Como é bom ter-te ternura. Pensava. Lembro-me dele com muita intensidade que não sei dizer o que é.
Os cabelos balançavam com a brisa; nasceu um tempo novo em mim no momento que o vi. Conheci-o na sorveteria. Todas já haviam comentado da beleza do moço.
– Com você ele fala! Comentou alguém delas que era apaixonada por ele.
E era simples se apaixonar: olhos verdes cristalinos de navegar, cílios que faziam cócegas no meu nariz, a cor do sol na pele.
Andávamos a noite na praia deserta algumas luzes pra iluminar nossos sonhos, a camiseta dele esquentava minhas costas, o mar banhava os pés suavemente.
Ainda não havia Caetano para mim, todavia existia ele.
Ao levantar eu observava o mar da sacada, o som das ondas semelhava música, o coração o solicitava. Percebia meu peito bater acelerado, achava que era assim mesmo e até hoje creio que é de tal modo que tem que ser.
O primeiro beijo foi aquele descrito no conto de fadas da minha cabeça sonhadora: com as estrelas cintilando, o sal, à noite já bem chegada, o olhar bem aceso, a boca bem boca, ele bem o que ele era eu a ser eu e como eu gostava de constituir eu ao lado dele.
Timidez foi uma página inteira escrita à mão no meu primeiro romance, porém tudo se ajeitava na maresia lúdica da qual compartilhávamos.
Tenho-o no meu pensar tão serenamente, o amando no tempo que passou, a amar a paixão de acordes leves que tive que tivemos. Com saudade talvez de um olhar inocente que ele trazia toda vez. Ele será sempre meu primeiro amor, com infinita poesia, sutileza, com tanto mar...
Débora Corn

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